A
fábrica de linguiças ― O charutão ― O menino cabeçudo ― A bola de meleca ― O
papagaio desbocado ― O cachorrinho Nabunda ― O burro e a velha ― A melha ―
Receitas para matar baratas ― Um menininho chamado Claro ― O casal moderno ― O
homem elástico ou pega, Janjão! ― Duelo entre bem-dotados
“Oh, anos felizes da infância. Quem
não queria ser menino de novo?”
(Lord Byron, poeta)
"Puberdade é quando você tem de rir de
piadas picantes que você não entende.”
(Reader’s Digest, abril 1968)
(...) os valores aprendidos na infância e no meio
não queria ser menino de novo?”
(Lord Byron, poeta)
"Puberdade é quando você tem de rir de
piadas picantes que você não entende.”
(Reader’s Digest, abril 1968)
(...) os valores aprendidos na infância e no meio
rural são as melhores armas para
sobreviver e
se dar bem nas metrópoles decadentes"
(Mário Sérgio Conti, sobre o filme "Dois
Filhos de Francisco", OESP, Aliás, J15, 1-1-2006)
se dar bem nas metrópoles decadentes"
(Mário Sérgio Conti, sobre o filme "Dois
Filhos de Francisco", OESP, Aliás, J15, 1-1-2006)
Muitas foram as piadas infantis que ouvimos na Usina naquela virada das décadas de 1960 e 70. Muitas delas eram pura ingenuidade, coisa de criança mesmo, mas outras, geralmente contadas pelos meninos mais velhos, eram deveras picantes, e nos arrancavam gostosas gargalhadas.
Geralmente, essas piadas maliciosas eram contadas por meninos que, na verdade, ainda mal haviam atingido a pré-adolescência, e quando o faziam, era sempre em segredo, e, obviamente, longe dos pais, pois se eram pegos nisto era surra na certa.
Havia também as que exigiam uma certa dose
de raciocínio, e só depois de muitos anos, já meninos matreiros e “mais
escolados”, é que íamos finalmente entender seu verdadeiro sentido.
Recordo-me de algumas, e para que elas não
se percam não sendo registradas por alguém, vou transcrevê-las aqui. Das que me
recordo mas já não sei mais o enredo, tinha uma bem ingênua, que falava do
"jipinho" que entrava na "igrejinha", nomes usados pelas
crianças para se referir aos seus órgãos sexuais de meninos e meninas, respectivamente...
Então, sobre as piadas que rememorei abaixo, como disse o folclorista Gustavo Barroso, na distante década de 1920, "Se nelas achardes, leitor, algum chiste, dirigí vosso aplausos ao povo. Sou simples veículo de sua voz divina."
Às piadas, então!
Então, sobre as piadas que rememorei abaixo, como disse o folclorista Gustavo Barroso, na distante década de 1920, "Se nelas achardes, leitor, algum chiste, dirigí vosso aplausos ao povo. Sou simples veículo de sua voz divina."
Às piadas, então!
A FÁBRICA DE LINGUIÇAS
Os irmãos Valmir e Ivo Caetano,
dois notáveis piadistas da Usina.
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Era uma piada também com conotações sexuais, e não havia quem não gargalhasse ao ouvi-la, piada que, por sinal, ainda causa o mesmo impacto na meninada:
Pai leva o filho
para conhecer uma fábrica de linguiças. Ambos vão ver o maquinário principal, e
nele há uma entrada por onde os burros são introduzidos. Uma fila de burros vai
entrando e mais adiante cada um vai sendo processado pelo maquinário. Depois,
pai e filho dão a volta e vão conhecer o final da máquina, onde por um orifício
já saem prontas as linguiças.
O menino, querendo bancar o esperto, pergunta ao pai:
- Pai, e se invertermos o sentido da máquina e enfiarmos uma linguiça ali na saída, não vai sair um burro lá na frente?
E o pai, não perdendo a chance de tirar um sarro do filhos, emenda:
- Pois foi isto mesmo que eu fiz com tua mãe quando te coloquei no mundo!...
O menino, querendo bancar o esperto, pergunta ao pai:
- Pai, e se invertermos o sentido da máquina e enfiarmos uma linguiça ali na saída, não vai sair um burro lá na frente?
E o pai, não perdendo a chance de tirar um sarro do filhos, emenda:
- Pois foi isto mesmo que eu fiz com tua mãe quando te coloquei no mundo!...
O CHARUTÃO
Esta piada, bem infantil e
ingênua, era contada entre os meninos mais novos, na casa dos 6 ou 7 anos:
Dois meninos viajando de trem. Um deles na janela está observando a paisagem cheio de curiosidade. Mais adiante, a composição entra por um trecho entre barrancos, onde, na borda de um deles, há um sujeito soltando um barro. O menino olha para cima, vê aquilo e um grita para o amigo:
- Corre! Vem cá, vem ver, olha lá em cima: veja que cara feia tem aquele sujeito!
- Isso não é nada: você viu o charutão que ele tinha na boca?!
A BOLA DE MELECA
O PAPAGAIO DESBOCADO
Esta é uma piada famosíssima, piada de papagaio ainda em voga, tendo muitas variantes, mas o motivo é sempre o mesmo.
Dois meninos viajando de trem. Um deles na janela está observando a paisagem cheio de curiosidade. Mais adiante, a composição entra por um trecho entre barrancos, onde, na borda de um deles, há um sujeito soltando um barro. O menino olha para cima, vê aquilo e um grita para o amigo:
- Corre! Vem cá, vem ver, olha lá em cima: veja que cara feia tem aquele sujeito!
- Isso não é nada: você viu o charutão que ele tinha na boca?!
O MENINO CABEÇUDO
Tem tudo de um caso de bullying, mas naqueles bons tempos ninguém falava nisso!
Um menininho chegou da escola chorando, e reclamou pra
sua mãe:
— Mã-ãããe, mããããe, to-o-do mundo na es-es-cola me cha-a-ama
de cabeçudo, todo mu-un-do!
— Não chora não, meu filho; não liga pra eles não! Esses
tontos falam assim porque tem inveja de você! Então, deixa disso e faz um favorzinho
pra mãe: vai lá no mercadinho e compra uma melancia, e se tiver abacate traz
dois também.
E o menino perguntou:
— Cadê o carrinho de compras?
— Xi, meu filho, a rodinha dele quebrou!
— Mas, mãe, onde eu vou trazer a compra?!
— Oras, menino, coloca tudo no seu bonezinho!
A BOLA DE MELECA
Uma piadinha, antiga também, aliás, piada
bem “infame”, era a da “bola de meleca”, uma historiazinha para lá de besta,
mas que fazia rir à beça os mais novos.
Dois irmãos estavam
sozinhos em casa, e um deles, o mais velho, disse que precisava dar uma
saidinha. O irmão mais novo reclamou:
— Mas não vai demorar, né?
— Não. Fique frio, que eu já volto já.
— Mas o que eu vou ficar fazendo aqui sozinho?
O irmão mais velho,
malicioso, ironizou:
— Oras, fica tirando meleca do nariz, como você sempre
faz!...
Dito isto, partiu,
enquanto o irmãozinho, entretido consigo mesmo, se pôs a cutucar o nariz...
Horas depois ele
voltou, e, só para desbaratinar, resolveu perguntar para o inocente se havia
demorado muito:
— E aí, maninho, demorei muito?
E o irmãozinho,
enrolando uma enorme bola de meleca entre a palma das mãos, retrucou:
— Vê lá!...
O PAPAGAIO DESBOCADO
Esta é uma piada famosíssima, piada de papagaio ainda em voga, tendo muitas variantes, mas o motivo é sempre o mesmo.
Um açougueiro, que tinha a memória ruim, tinha um papagaio que desandou para a malandragem e começou a comprometer as suas vendas. As vezes, chegava um freguês no açougue, e mal pedia carne o papagaio se intrometia e falava:
- Tem carne não, amigo - está tudo estragada!
Chegava outro freguês, e lá vinha o papagaio:
- Tem carne não, amigo - está tudo estragada!
O açougueiro ficou fulo da vida e disse ao papagaio:
- Se você falar isso novamente, eu vou jogar você dentro da privada!
Mal ele disse isso, chegou um outro freguês e o papagaio repetiu o estribilho:
- Tem carne não, amigo - está tudo estragada!
Então o açougueiro jogou o papagaio na privada, fechou a tampa e voltou ao açougue. Ele vendeu carne à vontade, que até se esqueceu do desbocado do papagaio. Ao fechar o açougue, sentiu necessidade de usar o banheiro. Ele sentou-se na privada pensativo, tentando lembrar onde estava o papagaio, e ao olhar para o céu, disse:
- Ai, que céu mais estrelado!
E o danado do papagaio lá dentro emendou:
- Ai, que cu mais arreganhado!...
Julião, Valmir e Isnaldo, 19-1-1975 |
O CACHORRINHO NABUNDA
Ouvimos também uma que foi muito famosa naquela época, e ainda é, sendo hoje até mesmo encontrada na Internet, a piada do cachorrinho chamado Nabunda, piada que, na verdade, é uma pegadinha safada. Não sei se é uma piada famosa em todo o Brasil, mas é clássica em todos os grupos escolares do interior paulista.
Numa roda de meninos, um pergunta para o outro:
- Suponhamos que você tem um pequeno barco e um cachorro chamado Nabunda. Você precisa atravessar um rio urgente, mas o barco é muito fraco e é perigoso levar mais de um. Então, ao atravessar o rio com o barco, Nabunda vai ou Nabunda fica?...
- Suponhamos que você tem um pequeno barco e um cachorro chamado Nabunda. Você precisa atravessar um rio urgente, mas o barco é muito fraco e é perigoso levar mais de um. Então, ao atravessar o rio com o barco, Nabunda vai ou Nabunda fica?...
Era aí, justamente nestes trocadilhos que estava a pegadinha, e se o menino que ouvia história não tinha muita malícia e respondesse qualquer uma das duas alternativas, fatalmente “se estrepava”, no que era alvo da maior gozação da meninada. Os mais espertos e sabidos respondiam: “– Nabunda nada!...”
O BURRO E A VELHA
Outra piada muito famosa:
Havia um burro manhoso que vivia roubando milho numa plantação, e toda vez
que a velha, que era a dona do milharal, ia ali, surpreendia o animal no ato e
botava ele para correr. E o burro, no susto, peidava alto empestando o ar e
desembestava num carreirão morro abaixo.
E a coisa se repetia todo dia. Daí que não suportando mais aquela porquice do animal, ela jurou vingança, e disse a si mesmo:
- Se eu voltar aqui, pegar ele roubando e ele peidar fedido de novo, eu vou enfiar uma espiga no rabo dele!
No outro dia, olhando de longe, a velha viu o burro na plantação. Ela se aproximou sem ser vista, pegou uma espiga num pé, debulhou-a, e, chegando em silêncio por detrás do burro, enfiou com força o sabugo no rabo dele. Desesperado, o burro deu um coice no ar, e ao desembestar soltou um peido enorme e o sabugo voou com tudo para trás.
No dia seguinte, um menino passou pelo bairro vendendo jornais, e gritava bem alto:
- Extra, extra, extra! Mataram uma velha com uma sabugada na testa! Extra, extra, extra! Mataram uma velha com uma sabugada na testa! ...
E a coisa se repetia todo dia. Daí que não suportando mais aquela porquice do animal, ela jurou vingança, e disse a si mesmo:
- Se eu voltar aqui, pegar ele roubando e ele peidar fedido de novo, eu vou enfiar uma espiga no rabo dele!
No outro dia, olhando de longe, a velha viu o burro na plantação. Ela se aproximou sem ser vista, pegou uma espiga num pé, debulhou-a, e, chegando em silêncio por detrás do burro, enfiou com força o sabugo no rabo dele. Desesperado, o burro deu um coice no ar, e ao desembestar soltou um peido enorme e o sabugo voou com tudo para trás.
No dia seguinte, um menino passou pelo bairro vendendo jornais, e gritava bem alto:
- Extra, extra, extra! Mataram uma velha com uma sabugada na testa! Extra, extra, extra! Mataram uma velha com uma sabugada na testa! ...
A MELHA
Me recordo também de duas pequenas piadas contadas por meu irmão Wagner, que era o irmão que sempre aparecia com novidades em casa, sejam novas piadas, sejam novas palavras ou expressões. Desde aquela época, nunca mais ouvi alguém se referir à elas. Ei-las:
Um irmão pergunta ao
outro:
- O que é isso em tua mão?
O outro responde:
- Uma melha!
E o irmão o corrige:
- Não fale melha que é felho!
- O que é isso em tua mão?
O outro responde:
- Uma melha!
E o irmão o corrige:
- Não fale melha que é felho!
Durante o jantar, um
irmão faz um pedido
ao outro:
- Por favor, passa uma linguí prá mim.
O outro repreende:
ao outro:
- Por favor, passa uma linguí prá mim.
O outro repreende:
- Não é linguí que fala, é linguiça!
E o engraçadinho se explica:
- É que eu estou com uma preguí...
E o engraçadinho se explica:
- É que eu estou com uma preguí...
Esta é de humor negro, e os mais novos não
entendiam mesmo o seu significado. A cena ocorre durante a hora do almoço:
- Mãe!
- Que foi?
- Eu não gosto do meu irmãozinho!
E a mãe, sem muitas cerimônias:
- Então come só as batatas!
- Que foi?
- Eu não gosto do meu irmãozinho!
E a mãe, sem muitas cerimônias:
- Então come só as batatas!
RECEITA PARA MATAR BARATAS
Uma curiosa, que não era bem uma piada, historiazinha que, por sinal, os mais novos nem sempre captavam o absurdo contido nela:
Você pega 1 pires de sal, 1 copo de pinga, 1 palito de fósforo e 1 pedra. O material é colocado no chão e na sequência. Daí, a barata vem para comer o sal, pensando que é açúcar... Em seguida, ela ficará com sede e vai beber a pinga, pensando que é água... Ela ficará bêbada e sairá cambaleando. Depois, tropeçará no palito à sua frente, cairá, baterá a cabeça na pedra e morrerá de traumatismo craniano. Simples, não?!...
O BRANQUELO E O NEGÃO
Piada que, num insight, relembrei não sei como numa noite de Natal de 2016. Famosa na época, mas com motivo bem besta e infantil.
O Isnaldo, aos 12 anos e já aprontando; o Valmir
Caetano e o cômico Julião Mathias, em 19-1-1975
|
- Ih, negão tem verdura! E agora?!
- Ah, cara, eu também não como nada se não tiver uma verdurinha para acompanhar!
O negão se lembra de algo.
- Branquelo, a vizinha tem uma hortinha aí no quintal dela. Vamos lá afanar uns pés?
- Beleza! Vou me vestir.
- Que vestir, que nada. Vamos lá pelados mesmo. Tá escuro e ninguém vai ver a gente.
Quando ambos estavam prestes a colocar as mãos nas verduras, do nada surge a ingênua filha adolescente da vizinha que ia ali urinar.
- Branquelo, psiu, não se mecha. Vamos fingir que somos estátuas.
A menina se aproxima, baixa a calcinha, se agacha e, no escurinho, vê os dois durinhos ali, e crê que são estátuas mesmo.
- Nossa, de onde vieram estas estátuas?!
Ela se levanta nua, o branquelo a vê e tem uma ereção. Ela veste a calcinha e sente atraída pelo membro do branquelo, vai até o rapaz e começa a manusear o dito cujo.
- Nossa, como é duro!
Em instantes, o moço goza nas mãos dela, e ela diz espantada.
- Nossa, saiu leite!
Daí que o negão, não querendo ficar atrás, louco de vontade diz para a menina:
- Agora, menina, bate aqui que sai café!...
UM MENINO CHAMADO CLARO
Piada muito popular, e que fazia a meninada rir a valer:
Um menino chamado Claro ia andando pelo corredor de sua casa à noite, e ao passar pela porta do do quarto de seus pais — ambos faziam sexo naquele momento —, e ele ouviu sua mãe gemendo alto. Ele pensou consigo:
- Nossa, o que será que meu pai está fazendo com minha mãe, que ela está sofrendo assim?!
Ele encostou a orelha na porta e tentou entender o que se passava lá dentro. Não demorou muito, o pai disse:
- Vamos variar um pouco, mulher: chega de meter no escuro; vamos meter no claro agora.
No mesmo instante, o casal ouviu lá fora:
- Não, pai, não vai meter em mim não, por favor, por favor!
- Nossa, o que será que meu pai está fazendo com minha mãe, que ela está sofrendo assim?!
Ele encostou a orelha na porta e tentou entender o que se passava lá dentro. Não demorou muito, o pai disse:
- Vamos variar um pouco, mulher: chega de meter no escuro; vamos meter no claro agora.
No mesmo instante, o casal ouviu lá fora:
- Não, pai, não vai meter em mim não, por favor, por favor!
O CASAL MODERNO
Outra que a meninada rachava o bico, apesar de mesmo com a liberação sexual surgida com a Contracultura o tema ser avançado para a época:
Filho tomando banho com o pai, olha para o
membro dele e diz assustado:
- Nooossa pai, que pintão que o senhor teeem!
E o pai responde:
- Iiiih, meu filho, você não viu o da sua mãe ainda!...
- Nooossa pai, que pintão que o senhor teeem!
E o pai responde:
- Iiiih, meu filho, você não viu o da sua mãe ainda!...
O HOMEM ELÁSTICO ou PEGA JANJÃO!
O Paulinho Domingues e eu,
em nossa Primeira Comunhão |
DUELO ENTRE BEM-DOTADOS
Outra, em linha semelhante, a mais cômica e picante de todas, e que também arrancava gostosas gargalhadas da molecada:
Um sujeito metido à
besta entra num velho armazém, abre a braguilha, põe para fora uma pica enorme, e batendo com ela três
vezes no balcão diz ao vendeiro:
- Veja uma pinga para mim!
O vendeiro não deixou por menos: colocou também a sua enorme pica para fora, e apontando com ela para as garrafas na prateleira acima, foi logo perguntando:
- Você quer dessa, dessa ou dessa aqui?...
- Veja uma pinga para mim!
O vendeiro não deixou por menos: colocou também a sua enorme pica para fora, e apontando com ela para as garrafas na prateleira acima, foi logo perguntando:
- Você quer dessa, dessa ou dessa aqui?...
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* Este capítulo faz parte do Volume 3- "A space in time ― janeiro a dezembro de 19.71". O livro está em processo de confecção sem prazo para lançamento.
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